quarta-feira, 6 de julho de 2011

O MODELO IDEAL DO TOTALITARISMO

Como vocês perceberam, hoje eu estou focada no período entre guerras. O tema agora é o regime fascista, mais especificamente o nazismo. Nem vou publicar dica de filme, pois a lista é imensa e tenho certeza de que em algum momento vocês ou já assistiram ou vão assistir um falando sobre essa questão. Mas, se alguém quiser é só pedir.
Segue o texto
" No regime nazista ocorreram intervenções assustadoras na vida cotidiana das pessoas consideradas indesejáveis. Elas eram confinadas nos chamados campos de concentração, construídos especialmente para esse fim. Chegando aos campos, as famílias eram separadas: homens, mulheres e crianças seguiam para locais diferentes e, na maioria dos casos, nunca mais se reencontravam. Enfileirados, eram vistoriados pelos médicos nazistas, que separavam aqueles que deveriam ser mortos imediatamente - em geral os muito velhos, as crianças pequenas e os portadores de deficiências - daqueles que continuavam no campo.
Os homens selecionados para permanecer nos campos eram despidos e encaminhados aos chuveiros. Em seguida, tinham a cabeça raspada, bem como as axilas e genitália; depois eram “desinfetados” com panos embebidos em soluções químicas, que provocavam ardência na pele. Recebiam, então, uma nova roupa: caças velhas e paletós, tamancos e bonés. Os paletós possuíam triângulos coloridos para distinguir os diferentes tipos de prisioneiros dos campos: os judeus usavam triângulos amarelos; os prisioneiros políticos, vermelhos; os criminosos comuns, pretos; os homossexuais, rosa; os pacifistas e religiosos que se recusavam ao alistamento militar, violeta.
 Em barracões minúsculos, sem vidraças e sem aquecimento, eram alojados de seis a dez presos, que dormiam diretamente no chão de cimento ou em camas rústicas cobertas de capim. Devido à exigüidade do espaço, muitos perdiam seus lugares nas camas ou no chão quando se levantavam durante a noite para utilizar as latrinas improvisadas nos barracões. O sono dos prisioneiros era frequentemente interrompido pelos sentinelas nazistas, que determinavam repentinamente que eles mudassem de posição; os que não acordavam ou não obedeciam à ordem eram duramente castigados.
Às 5 horas da manhã, os prisioneiros eram despertados aos gritos e chicotadas. Organizados em filas, recebiam um pouco de café e seguiam para os campos de trabalho forçado. (...) Nos campos onde não havia trabalho, passavam horas realizando movimentos repetitivos em atividades aparentemente sem significação, como tirar e recolocar o boné. Se errassem algum movimento eram duramente castigados com chicotadas ou pauladas. Esse treinamento inútil e incessante destruía emocionalmente os prisioneiros, minando sua resistência psicológica.
Ao meio-dia, eles seguiam para novas filas, onde recebiam uma rala sopa de batatas. O alimento era despejado nas próprias mãos dos prisioneiros, ocasionando a perda de grande parte do líquido. Os mais afortunados possuíam pratos de latão, que também eram usados como privadas improvisadas, pois a autorização para usar as latrinas só era dada à noite.
(...) No final da tarde, todos eram enfileirados para a revista diária, que consistia apenas na contagem do número de vivos e eventuais mortos. Na havia chamada, ... os prisioneiros eram considerados apenas “figuras”.
(...) Debilitados física e emocionalmente, os prisioneiros dos campos de concentração raramente organizavam ações de resistência coletiva. Sua vida se restringia a uma luta incessante pela sobrevivência ou espera passiva pelo dia da morte anunciada nas câmaras de gás. Todos sabiam que milhares de outros prisioneiros já haviam sido mortos nessas salas, por asfixia; sabiam também que qualquer deslize poderia levar a essa morte horrível e, por isso, viviam constantemente tensos. Despersonalização, quebra de resistência física e psicológica, luta pelas simples sobrevivência – tudo isso fazia parte dos campos de concentração o modelo ideal do controle que os regimes totalitários visavam impor às pessoas”.
(Dreguer, Ricardo e Toledo, Eliete. História Cotidiano e Mentalidades. Atual Editora, 2000. p.144 -146)


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