quarta-feira, 29 de junho de 2011

O DARWINISMO SOCIAL

A palavra “cientista” foi criada em 1840 pela Associação Britânica para o Progresso da Ciência. Nessa época, surgiram, em vários países, periódicos científicos evidenciando a popularização da ciência. Em 1859, quando foi publicada a Origem das Espécies, de Charles Darwin, toda a edição foi vendida no primeiro dia. O autor defendia a tese de que nem todos os organismos infantis chegavam à maturidade, nem todos os organismos adultos vivem até a velhice. O princípio da seleção natural determina quais os membros da espécie que tem mais chance de sobrevivência. As crias não são reproduções idênticas de seus pais. (...) Darwin observou que os lentilhões, pássaros das Ilhas Galápagos, desenvolveram diferentes bicos para se adaptar melhor aos seus diferentes habitats. Essas pequenas variações conferem ao organismo favorecido uma vantagem importantíssima na luta por comida e contra os inimigos naturais, dando-lhe mais possibilidade de alcançar a maturidade, de se reproduzir e de transmitir essas qualidades superiores aos filhotes, alguns dos quais podem vir a possuir caracteres ainda mais aprimorados. A cada geração a característica favorável torna-se mais pronunciada e mais difundidas nas espécies. Com o passar dos séculos, a seleção natural elimina as espécies antigas e produz novas. (...) Os próprios homens seriam produtos da seleção natural.
A Teoria da Evolução teve conseqüências revolucionárias fora da área científica. A evolução desafiou a tradicional crença religiosa de que um número fixo de espécies havia sido criado instantaneamente, há cerca de seis mil anos. (...) Em última análise, o darwinismo ajudou a acabar com a prática de tornar a Bíblia como referência em questões científicas e passou-se a falar abertamente da morte de Deus. Darwin havia tirado dos homens o privilégio de terem sido a criação especial de Deus.
Alguns pensadores sociais aplicaram as conclusões darwinianas à ordem social, produzindo teorias que as transferiram à explicação dos problemas sociais. As expressões “luta pela existência” e “sobrevivência do mais capaz” foram tomadas de Darwin para apoiar a defesa que faziam do individualismo econômico. Os empresários bem-sucedidos, afirmavam esses pensadores, haviam demonstrado sua capacidade de vitória no mundo competitivo dos negócios.
(...) A aplicação da biologia de Darwin às teorias sociais fortalecia o imperialismo, o racismo, o nacionalismo e o militarismo. Os darwinistas sociais insistiam em que as nações e as raças estavam empenhadas numa luta pela sobrevivência, onde apenas o mais forte sobrevive e, na realidade, apenas o mais forte merece sobreviver. Eles dividiam a humanidade em raças superiores e inferiores, consideravam o conflito racial e nacional uma necessidade biológica e um meio para o progresso.
(Campos, F; Miranda, R. G. Oficina de História. História Integrada. São Paulo: Editora Moderna, 2000. p. 194)

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