quarta-feira, 4 de abril de 2012

Carta aberta ‘detona’ trabalho de parlamentares na Câmara

JORNA A CIDADE - Quarta, 04 de Abril de 2012 - 09h33 ( Atualizado em 04/04/2012 - 10h45 )
Monize Zampieri
Panelaço 3: Manifestante usa a tribuna para criticar os vereadores, que se calam
Os 20 vereadores foram humilhados ontem (3), na Câmara, durante leitura de uma carta aberta de repúdio ao aumento de quase 40% no próprio salário para a próxima legislatura. O documento foi lido na tribuna da Casa de Leis por um representante do grupo, que promoveu seu terceiro manifesto e manteve os cerca de cem participantes, mobilizados por meio do ‘Facebook’. Vereadores silenciaram.
A carta exigia a revogação do aumento do subsídio e do aumento do número de cadeiras para 2013, além da retratação do presidente da Câmara, Cícero Gomes (PMDB), devido à atitude de um de seus assessores durante o protesto de terça-feira da semana passada - que acabou sendo a única solicitação atendida.
"Entendemos que a Câmara de Ribeirão Preto não está apta a representar os interesses da sociedade ribeirão-pretana. Entendemos que tais deliberações da Câmara representam um desrespeito ao povo de Ribeirão Preto", leu o professor de História e universitário Jonas Paschoalick.
O documento ainda menciona que a Câmara de Ribeirão Preto é recordista nacional em projetos inconstitucionais e que mais de 50% dos projetos apresentados pelos vereadores no segundo semestre de 2011 se destinam a nomear ruas e praças.
"Entendemos que o aumento no subsídio dos vereadores, votados por estes, representa um abuso do poder político e a ratificação da equivocada profissionalização da política", destacou. "Esse acréscimo de vereadores em nada aperfeiçoa a representatividade da população ribeirão-pretana", acrescentou.
Os vereadores ouviram atentamente à carta, que dizia também que os "atos realizados só reafirmam o caráter coronelista que tem a gestão desta casa. Deixa clara uma confusão entre o público e o privado quando aqueles que foram eleitos para representar o povo, ao invés de o fazerem com orgulho, fazem em defesa de interesses particulares".
"Ao invés de se dirigirem aos eleitores com respeito e consideração, usurpam a cidadania e a democracia participativa com atitudes autoritárias", diz a carta.
Cícero pede desculpas por assessor
O presidente da Câmara, Cícero Gomes (PMDB), pediu desculpas aos manifestantes por seu assessor José Donizete Paixão ter rasgado e descartado no lixo documento que o grupo "jogou" para os vereadores no manifesto de terça-feira passada. "Eu não respondo pelos atos do meu assessor, mas, se causou indignação, peço desculpas", declarou.
A indiferença dos vereadores à carta aberta e aos pedidos de revogação do reajuste aumentou a revolta dos manifestantes, que pretendem voltar à Câmara, na próxima semana. "Demos o nosso recado hoje, mas exigimos as revogações", declarou Jonas Paschoalick.
Os manifestantes permaneceram em silêncio durante as votações, mas emendaram gritos de protesto ao perceberem que os vereadores não se pronunciariam. Dentre eles: "Revoga o seu aumento, sou eu que te sustento", "20 bastam para Ribeirão" e "Não reeleja", além de cantarem o Hino Nacional.

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