A hipótese mais tradicional sobre a ocupação da América é aquele que supõe que levas migratórias oriundas da Ásia, penetraram no continente através do Estreito de Bering, no período final da Era do Gelo, por volta de há cerca de 11 mil anos . No entanto, desde a década de 1990, a teoria Clóvis, como foi chamada, vem sendo questionada em função de novas descobertas arqueológicas.
“No sul do Chile, descobertas demonstraram que o ser humano ocupava a região havia pelo menos 14,5 mil anos. O pesquisador Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP) defende que teria havido dois fluxos principais de imigrações para América, através do Estreito de Bering: o primeiro ocorrido há aproximadamente 14,5 mil anos, era composto por indivíduos que apresentavam características parecidas com a dos africanos e aborígenes australianos. O segundo ocorrido por volta de 11 mil anos, era composto por indivíduos de origem asiática.”
“Outro grupo de cientistas acredita que durante a última glaciação, há cerca de 18 mil anos, o tamanho das geleiras entre a Sibéria e a América impossibilitaria a passagem pelo Estreito de Bering, o que os teria feito vir pelo Oceano Pacífico. Alguns cientistas discordam da origem asiática e sustentam que o homem americano teria origem africana e polinésia e teria chegado à América pelo Oceano Pacífico, há 15 mil anos.”
“A arqueóloga brasileira Niède Guidon, em estudos realizados no município de São Raimundo Nonato, no Piauí, encontro artefatos e restos de fogueiras de mais de 33 mil anos. A pesquisadora acredita que o homem chegou à América há pelo menos 50 mil anos, vindo da África pelo Oceano Atlântico. No entanto, ainda não foram encontradas evidências fósseis de Homo Sapiens com essa idade.”
(Braick, Patrícia Ramos; Mota, Myriam Becho. História das cavernas ao terceiro milênio,2. Ed – São Paulo: Moderna, 2010. P.46)
O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA PEDRA FURADA
“Trata-se do sítio arqueológico mais polêmico do mundo, e um dos mais agrestes e deslumbrantes também. A Pedra Furada é um bloco rochoso avermelhado de 150 metros de altura que se ergue em meio à vastidão desolada da caatinga, no município de S. Raimundo Nonato, no sudoeste do Piauí. Foi ao pé desse paredão arenítico, numa gruta adornada por centenas de pinturas rupestres chamada de Toca do Boqueirão, que a pesquisadora Niède Guidon encontrou os vestígios arqueológicos mais controversos dos últimos tempos. São apenas pedaços de carvão...A diferença é que as cinzas desenterradas da Toca do Boqueirão podem pertencer a fogueiras acesas há mais de 50 mil anos.”
“Se os carvões encontrados por Niède Guidon de fato forem indícios de fogueiras acesas por seres humanos, toda a teoria da ocupação da América terá que ser revista.”
“...para além de qualquer polêmica, a Pedra Furada, a Toca do Boqueirão e a região adjacente forma um deslumbrante conjunto natural. Toda a área faz parte do Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em junho de 1995 e desde 1986 tombado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. No parque, de mais de 1300 Km2, há 400 sítios arqueológicos, dos quais 260 com pinturas rupestres. Só na Pedra Furada são mais de mil. Pintadas com uma mistura de óxido de ferro, cera de ouvido e esperma diluídos e água, eles registram, com requinte visual e vigor narrativo, o cotidiano, o mundo natural e o universo espiritual do povo que as concebeu e realizou. Tais pinturas, porém, foram feitas há cerca de 12 mil anos – quase 30 mil anos depois de terem ardido as fogueiras da discórdia.”
(História do Brasil, Folha de São Paulo, 1997, p. 08)
Aqui vai anexo um acesso (blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/parque-nacional-da-serra-da-capivara) para vocês verem imagens e outras informações sobre o Parque nacional da Serra da Capivara. Como acontece na maioria dos casos no Brasil, o abandono e o descaso pelo patrimônio histórico e cultural também se fazem presentes aqui. O Parque vem sofrendo depredações sistemáticas, pela caça, pelo desmatamento e a exploração de calcário, e em alguns casos pichações nas grutas.
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